quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

anos incríveis

Hoje foi tecnicamente o último dia de aula. Digo tecnicamente porque, apesar de ainda termos de ir amanhã, é só pra fazer uma prova (sem contar os dias da recuperação semana que vem, galerinha em peso! \o/).
Tiramos nosso amigo secreto (valeu pelo filme Cayo!!), vimos a nossa retrospectiva e percebemos o quanto mudamos em três anos, fizemos a nossa "private party" com direito a guerra de bexigas d'agua e não podemos nos esquecer do discurso do Tomas que fez todo mundo se debulhar em lágrimas.
Parece que foi ontem que entramos naquela escola, bichos sozinhos e vulneráveis, bichos cobertos de tinta. Poucos se conheciam de outros lugares. Mas mesmo assim nos tornamos a sala mais unida, nas gincanas, nos projetos e nas faltas coletivas!
É... Sentiremos saudades dessas manhãs, das piadas no meio da aula, de dormir no meio da aula, de conversar no meio da aula (quem sabe até um dia, saudades de prestar atenção nas aulas!).
É estranho pensar que acabou. Até agora a escola funcionou como uma espécie de proteção, de certeza. Era certo que todas as manhãs você iria pra escola e assim seria por anos e anos, mas e agora? Agora chegou a hora de correr atrás, de se virar sozinho. Mas sempre que sentirmos dificuldades, poderemos nos voltar aos amigos que fizemos durante esses três anos. Amigos dos quais não nos esqueceremos nunca.
Eu agradeço a todos pelos três (ou dois e meio no meu caso) anos mais incríveis da minha vida. Torço para que cada um de vocês realizem seus sonhos e sejam muito felizes. E peço para que não se distanciem demais (afinal, tecnologia hoje em dia é pra isso né!)
E gostaria de terminar com as palavras de Kevin Arnold no último capítulo de "Anos Incríveis"

"A gente cresce num instante
um dia estamos de fraldas, no outro dia vamos embora.
Mas as recordações da infância ficam conosco por muito tempo.
Lembro de um lugar,
de uma cidade,
de uma casa, como uma porção de casas,
de um jardim, como uma porção de outros jardins
de uma rua, como uma porção de outras ruas.
A verdade é que depois de tanto tempo, ainda me recordo.
Foram anos incríveis."


quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Um velho novo conto

Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam, homens e mulheres que esperavam, e meninos e meninas que nasciam e cresciam. Todos em juízo, suficientemente, menos uma meninazinha, a que por enquanto. Aquela, um dia, saiu de lá, com uma fita verde inventada no cabelo.

Sua mãe mandara-a, com um cesto e um pote, à avó, que a amava, a uma outra e quase igualzinha aldeia. Fita-Verde partiu, sobre logo, ela a linda, tudo era uma vez. O pote continha um doce em calda, e o cesto estava vazio, que para buscar framboesas.

Daí, que, indo, no atravessar o bosque, viu só os lenhadores, que por lá lenhavam; mas o lobo nenhum, desconhecido nem peludo. Pois os lenhadores tinham exterminado o lobo. Então, ela, mesma, era quem se dizia: – “Vou à vovó, com cesto e pote, e a fita verde no cabelo, o tanto que a mamãe me mandou”. A aldeia e a casa esperando-a acolá, depois daquele moinho, que a gente pensa que vê, e das horas, que a gente não vê que não são.

E ela mesma resolveu escolher tomar este caminho de cá, louco e longo, e não o outro, encurtoso. Saiu, atrás de suas asas ligeiras, sua sombra também vindo-lhe correndo, em pós. Divertia-se com ver as avelãs do chão não voarem, com inalcançar essas borboletas nunca em buquê nem em botão, e com ignorar se cada uma em seu lugar as plebeiinhas flores, princesinhas e incomuns, quando a gente tanto por elas passa. Vinha sobejadamente.

Demorou, para dar com avó em casa, que assim lhe respondeu, quando ela, toque, toque, bateu:

- “Quem é?”

- “Sou eu…” – e Fita-Verde descansou a voz. – “Sou sua linda netinha, com cesto e pote, com a fita verde no cabelo, que a mamãe me mandou.”

Vai, a vovó, difícil, disse: – “Puxa o ferrolho de pau da porta, entra e abre. Deus te abençõe.”

Fita-Verde assim fez, e entrou e olhou.

A avó estava na cama, rebuçada e só. Devia, para falar agagado e fraco e rouco, assim, de ter apanhado um ruim defluxo. Dizendo: – “Depõe o pote e o cesto na arca, e vem para perto de mim, enquanto é tempo.”

Mas agora Fita-Verde se espantava, além de entristecer-se de ver que perdera em caminho sua grande fita verde no cabelo atada; e estava suada, com enorme fome de almoço. Ela perguntou:

- “Vovozinha, que braços tão magros, os seus, e que mãos tão trementes!”

- É porque não vou poder nunca mais te abraçar, minha neta…” – a avó murmurou.

- “Vovozinha, mas que lábios, aí, tão arroxeados!”

- É porque não vou nunca mais poder te beijar, minha neta…” – a avó suspirou.

- “Vovozinha, e que olhos tão fundos e parados, nesse rosto encovado, pálido!”

- “É porque já não te estou vendo, nunca mais, minha netinha…” – a avó ainda gemeu.

Fita-Verde mais se assustou, como se fosse ter juízo pela primeira vez.

Gritou: – “Vovozinha, eu tenho medo do Lobo!…”

Mas a avó não estava mais lá, sendo que demasiado ausente, a não ser pelo frio, triste e tão repentino corpo.

(Fita Verde no Cabelo - Guimarães Rosa)

Li este conto a muito tempo atrás, mas não me lembro de sentir o que senti quando o li desta vez. Procurei o conto afim de fazer uma comparação em meu trabalho de monografia, meus olhos se encheram de lágrimas. Sou assumidamente chorona, e desde que me tornei mãe fiquei três vezes pior (ou melhor).
É da natureza das mães chorarem por coisas que para qualquer outro mortal seriam irrelevantes. Aquele desenho borrado feito com giz de cera, palavrinhas que ninguém mais entende, aquele beijo melado na bochecha ou aquela música piegas cantada fora de ritmo.
Mas voltando ao Guimarães Rosa, li este conto e não pude me conter. Li em "psicanálise dos contos de fadas" que a subjetiva interpretação de um conto muda conforme a idade do leitor. Talvez seja por isso que só agora senti este sentimento sem nome que dá aquela tremidinha no queixo e um friozinho na barriga.
Os detalhe é que tornam o conto tão maravilhoso. Fita Verde segue o caminho longo sem ser induzida a fazer isso e, a medida que vai percebedendo a fragilidade da avó, Fita Verde vai se entristecendo.
Lembro de ler este conto em um livro que tinham vários outros contos interessantes. "Chifre em cabeça de cavalo" era um deles, onde um menino e uma amiga procuravam por unicórnios. Não faço idéia de onde este livro foi parar, mas será que se eu lê-lo de novo vai ser diferente? É claro! Cada leitura é única...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ao mestre com carinho II

No outro post só falei dos meus professores, egoistinha eu né?
Então parabenizo a todos os professores.
Profissão tão menosprezada, tão mal remunerada, mas tão importante, tão necessária.
Nada posso fazer aos professores, para que comecem a respeitar um pouco mais essa profissão, só posso agradecer aqueles que não desistem, depois de tantas bolas de papel na cabeça, tantos xingamentos e até ameaças, tantas noites mal dormidas, tantos feriados e fins de semana corrigindo provas. Obrigado por não desistir, por acreditar que por aqueles alunos valeria a pena tanto esforço.
Obrigado por acreditar em nós.
A palavra "aluno" significa "sem luz", obrigado professores, por nos dar essa luz.

Ao mestre com carinho I

Hoje, neste dia dos professores, venho aqui parabenizar todas essas pessoas que reúnem o pouco de paciência que têm e tentam ensinar jovens que, em sua maioria, não estão nem ai pra quem está la frente de uma lousa respirando pó de giz, implorando um pouquinho de silêncio e atenção.
Me lembro até hoje do nome de todos os professores que tive, desde a pré-escola, onde ainda chavama a professora de "tia". E alguns deles foram essenciais pra me tornar o que sou hoje. Essa minha "tia" Carmelita e "tia" Érica, que me alfabetizaram e me aguentaram quando era pimpolinha correndo naquele pátio de cimento puro por entre as outras crianças. Salete, de olhos verdes e sorriso meigo na primeira série, e depois Neuza, Maria Helena e Dóris, e que saudade eu sinto dessa Dóris, meio maluca, metia medo, era uma lenda na escola. E depois, entrando na quinta, sexta, sétima e oitava série, o número de professores aumentando, e Wilma -a melhor professora de ciências daquela escola; Fátima de matemática- que entrava na sala e todas as vozes se calavam; Darice também de matemática - A única professora que conseguiu me fazer compreender o universo dos números; Adilson de português - E só me lembro de VTD e VTI por causa dele; Iris de inglês - Com a sua bolinha mágica pulando pela sala.
Então entrei no Einstein. Sandra - com sua aquarela até o aviãozinho (XD); Marli - E como eram boas as aulas da Marli; Atsuko - Atsukinho que tornou o mundo da física muito mais compreensível; Verdasca, que deixei por último, não por ser menos importante, mas por ter muito mais a falar sobre ele. Todo mundo sabe a paixão que tenho pelas aulas de LPL do Verdasca. E talvez mais por causa dele que de qualquer outra coisa, eu decidi fazer letras e tive vontade de ser professora, aquela que sempre dizia "desta água não beberei" ou melhor "nesta lousa não escreverei". E se algum dia eu for a metade do professor que ele é, eu já estaria satisfeita.
E não posso me esquecer de forma alguma da professora mais importante da minha vida, por quem sou eternamente grata, minha mãe, que não só foi minha professora na vida, me ensinou a crescer, a ser gente. Mas que também é uma professora de verdade, com uma paciência enorme e um coração maior ainda, dando o máximo pra fazer com os alunos dela o que fez comigo, ensinou a viver.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Panis & circus

Sempre me abstive em falar de política, nunca tomei partido de partido nenhum e se me peguntam se sou de esquerda ou de direita não sei responder (até mesmo por que hoje em dia os conceitos de esquerda e direita andam meio bagunçados). Mas não posso deixar passar em branco algo como as eleições presidenciais. Não votei esse ano, o título sequer eu tirei e acho um saco o voto ser obrigatório, ai vem um e diz: "Mas se não for obrigatório ninguém vota!" Se ninguém vota é porque não tem ninguém que mereça ser votado! E se ninguém votar que se arranjem novos candidatos até que achem um que mereça ganhar.
Ai como eu queria que um dia 50% dos votos fossem nulos (revolucionariazinha).
Não gosto de política partidária, nunca sei que partido defende o que, qual a ideologia de cada um. Se um hoje diz uma coisa, amanhã vai estar fazendo completamente o contrário. Era tão mais fácil quando os partidos ficavam cada um do seu lado e ninguém saia de lá. Jacobinos, Girondinos, cada qual do seu lado da assembléia, sem se misturar (Tempos áureos da Revolução Francesa).
E não poderia deixar de falar é claro do fênomeno "Tiririca". Política no Brasil é uma palhaçada? É! Ninguém leva nada a sério? Não! Não vejo nada de errado em quem vota no Tiririca como forma de protesto, o problema é votar sem saber quem se elege junto com ele. Votar em um deputado, não é votar nele sozinho, tem todo um grupo por trás dele que você nem sabe quem são, mas tá votando também!
Mas enfim, vamos agora esperar o segundo turno e votar obrigatoriamente em quem não nos agrada nem um pouco. Nós não, vocês, eu não voto u.ú.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Rendição

Agora para me redimir faço dois posts de uma vez, fiquei tanto tempo longe daqui, não é?
Escrevi de novo um poema que não é meu, eu pelo menos não da minha parte consciente, não sei o que significa, nem me perguntem. Também não tem título, talvez eu dia eu reúna todos os meus poemas e contos e entitule todos eles (entitule, que raio de palavra estranha), mas hoje não. Então lá vai.

Eu me lembro como se fosse ontem
Do beijo que nunca aconteceu
Das suas mãos que nunca me tocaram
De alguém que não era eu.

Haviam cores disformes
Haviam vozes sussurradas
Uma aquarela de sabores
Palavras silenciadas.

De um pequeno paradoxo
Estamos à mercê
E o culpado disso tudo sou eu?
É você?

Eu esqueci quem eu era
Por um curto período de tempo
Já chorei, já sorri, já senti
Agora sou apenas vento.

Voe! Voe! Vá sem mim!
Não devo te prender mais
Quem sabe um dia não te acompanho?
Mas hoje, aqui é o meu lugar.
(sem título)



(Esse diabo das rimas pobres!)

Mais uma daquelas em que não sei o que dizer.

Eu não sei o que dizer, não sei como começar, só sei que hoje fiquei com uma vontade louca de escrever não sei nem o quê. E sempre foi assim, escrevo pra extravasar, e tudo aquilo que não posso dizer em voz alta, escrevo. E se alguém ler? No fundo, no fundo eu acho que quero mesmo é que seja lido.
Ouvi em uma aula de literatura um poema que mexeu comigo, aliás, muitas coisas andam mexendo comigo ultimamente. Mas a interpretação do meu professor ajudou o poema a ser ainda mais enfático. Queria postar aqui.

NÃO: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!

Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflete!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
(Lisbon Revisited - Álvaro de Campos)

domingo, 29 de agosto de 2010

Criança grande, boba e feliz (tá, não tão grande...).



Esses dias baixei o CD da Arca de Noé (e lá vai o download ilegal de novo XD), aquele antigão do Vinícus de Moraes, com participações de vários outros cantores. Eu tinha o livro quando era criança, as letras das músicas eram os poemas e eu me lembrava de cor de vários deles. Quando consegui ouvir (porque me custou muito achar pra baixar) senti aquela nostalgia e, como uma criança feliz, cantei todas as musicas. E brinquei com o relógio de cordas na música "O Relógio", pensei nos gatos que eu tive quando era criança na música "O gato", cantei "O pato" a plenos pulmões e o Pietro riu pra sempre da minha cara. E até tentei tocar "Aula de piano" no pianinho que o meu filho ganhou de aniversário (Eita criança feliz!). E não posso me esquecer de dizer que ao ouvir "Menininha" interpretada pelo Toquinho meus olhos se encheram de lágrimas, essa música não tinha no meu livro, eu nem a conhecia na verdade, mas por algum motivo a letra me emocionou (sou uma chorona convicta!).
Também baixei o CD palavra cantada, lembram que eu já falei dele? Esse é mais recente e algumas músicas até passavam em clipes na cultura. Me senti uma criança grande e boba ouvindo tantos CDs infantis, mas adorei! Também cantarolei as músicas pela casa com o Pietro rindo e correndo atrás de mim. E cantei "fome come" enquanto dava comida pra ele, "Eu" enquanto dava banho nele e "Pindorama" enquanto tentava distraí-lo pra poder cozinhar.
E acho que é isso que toda criança deveria ouvir, não Rebolation (na verdade ninguém deveria ouvir rebolation) e todos os outros lixos músicais que tocam por ai.

E Como eu me emocionei com "Menininha" quero que todos se emocionem também.

Menininha do meu coração
Eu só quero você a três palmos do chão.
Menininha não cresça mais não,
Fique pequenininha na minha canção.
Senhorinha levada, batendo palminha,
Fingindo assustada do bicho-papão.

Menininha, que graça é você,
Uma coisinha assim, começando a viver.
Fique assim, meu amor, sem crescer,
Porque o mundo é ruim, é ruim, e você
Vai sofrer de repente uma desilusão
Porque o mundo somente é seu bicho-papão.

Fique assim, fique assim, sempre assim
E se lembre de mim pelas coisas que eu dei.
E também não se esqueça de mim
Quando você souber, enfim,
De tudo que eu guardei.


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Olá minha preciosa!

Ela voltou! Ela voltou!! Minha inspiração voltou! O bendito do diabinho que ficava aqui do meu lado me ditando o que escrever e que tinha ido embora voltou( Ah se esse diabinho não vai ter o que me merece por ter me deixado na mão! >.<'). Ontem eu escrevi um poema, assim, do nada, do nada mesmo, estava estendo roupas e de repente ele apareceu assim prontinho na minha cabeça já com métrica e tudo! Tá, não é uma métrica tão perfeita (se nem eu entendo de métrica vai lá o diabinho entender? XD). Mas enfim, quando acabei de escrever e li o resultado, gostei, simpatizei com o poema. Mas não tem nada a ver com a minha vida, algo que eu estava passando, nada. Pelo menos não conscientemente. (o.O') Esse também não tem título. Tenho um sério problema com títulos, já deu pra notar, né? Ah! Como é bom sentir-se novamente vivo!
Sentir o sangue quente correndo pelas veias
Gritando: "Acorda criatura! Acorda! Estáis viva!"
Sentir o vento batendo no rosto, o cheiro, o gosto.

Sentirei novamente o sabor da tua boca
Seus lábios no enlace, o nó da tua língua
A veludez da pele que me toca
O punho, o pulso.

E chegará breve este dia
No qual amarei-te como em um filme de Almodóvar
E ouvirei-te suspirar, doce melodia
E verei-te desfalecer em meus braços.

Dirá coisas sem sentido
Sussurradas, abafadas
Coisas vãs, porém sinceras
Descritas ao pé do ouvido

Amarei-te por horas a fio
Enquanto o sangue corre num rio sinuoso
e suplico silenciosamente:
"não me deixe morrer de novo".



(e já peço perdão pelas rimas pobres)

domingo, 22 de agosto de 2010

Ontem foi seu dia, que dia mais feliiiz!!

Quanto tempo não posto aqui! As coisas andaram tão corridas com o aniversário do Pietro e projetos de pesquisa.
Mas uma coisa que não consigo acreditar direito é que meu filho já tem 1 ano! (ohhhh) Poxa, o tempo passa rápido. Anhá! Agora fiquei parecendo aquelas velhas choronas que ficam no casamento dos filhos se lamentando (XD). Mas sério, organizar festas dá muito trabalho. Não sei se eu achei isso por ser a primeira festa de verdade que eu organizo sozinha, mas deu um puta trabalhão. Ajudei a organizar o meu casamento, mas minha mãe estava ali dando uma base. Ainda bem que no fim correu tudo bem, ele gostou da festa e não dormiu no meio dela. O que é muito bom, pois crianças quase sempre dormem no meio de suas festas de 1 ano.
Bom, não tenho muito o que falar hoje, só que estou extremamente cansada e dolorida, mas muito satisfeita em ter conseguido dar uma festa legal e limpar tudo depois.
É isso. E que venham os 2 anos!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

E nada é o que parece ser...

Acho que a essa altura do campeonato todo mundo já sabe da minha monografia certo?
Então estava eu procurando por livros sobre o assunto na internet, qualquer coisa relacionada a contos de fadas, chapeuzinho vermelho e psicanálise infantil. Quando então encontrei uma crítica muito boa falando sobre o livro: "Contos de Fadas Eróticos". Eu já tinha ouvido falar desse livro, mas não sabia muito a respeito, não conhecia ninguém que tinha lido e nunca tinha visto em alguma livraria. Mas o livro estava lá, disponível pra download, tinha uma capa bonita e a crítica era boa, não tinha nada a ver com a minha pesquisa, mas como sou uma garotinha curiosa baixei o livro (quem nunca fez download ilegal que atire o primeiro mouse!). Nunca gostei de ler no computador, acho que uma cadeira desconfortável e um monitor brilhante tira toda a experiência mágica que é ler um bom livro, mas comecei a ler. O primeiro conto é "Bela e a Fera", eu sempre gostei dessa histórinha original, e até mesmo o desenho da Disney é muito divertido (tirando aquela música melosa, tema do casal, que gruuuuuda na cabeça). O conto começa bem o livro, é interessante, sensual, envolvente, mas a medida que os outros contos vão passando é como se o livro descesse uma ladeira sem fim, quando você acha que não pode ficar pior, SURPRESA! Aparece algum fato bizarro pra te deixar ainda mais boquiaberto.
E não, eu não sou puritana, frígida, superconservadora ou mal-amada, mas é que aquele livro, a medida que você vai lendo, começa a parecer um filme pornô! Sem roteiro nenhum, onde qualquer coisa que acontece é motivo pra transar com o primeiro que aparecer. Todo mundo sabe que não é assim que funciona. Branca de Neve e os sete anões, por exemplo, é dividido em dois contos paralelos, um fala só sobre a madrasta e outro só sobre a Branca de Neve perdida na floresta. Este último me deixou sem palavras, anões que viram príncipes e a Dona Branca com todos eles AO MESMO TEMPO não é uma coisa que costumamos imaginar. Não digo que o livro é um lixo, mas a maioria dos contos se distanciou muito dos originais, isso quando mantiveram apenas o título e mudaram toda a história. Eu, sinceramente, esperava mais.



Eis a capa super atraente.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

tintas e bloqueios

Ah! Maldito bloqueio criativo! Tem dias que as coisas simplesmente brotam da minha cabeça, quase uma psicografia. Mas tem dias, como hoje, ontem, ante ontem e toda a semana que passou, em que não sai nada...
Estava procurando umas xérox da escola, mas ao invés disso achei uma agenda onde havia escrito alguns poemas, poemas bobos, não sou profissional. Mas pra quebrar o gelo posto um deles aqui.

Pinto com tinta meu coração cinza
Pingo a tinta que cai no papel
Fujo da mancha que pula, que pula, que persegue meu pincel
Corro da tinta que mancha
enquanto pinto o azul do céu
Pego o pingo, a tinta e a mancha e jogo pro alto
Acabo num bordel.
(sem título)



Bom jeito de quebrar o gelo né! Se bem que se eu estiver conversando com uma pessoa e começar a recitar poemas ela vai achar que eu tenho probleminhas...

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Da melancolia

Estou cansada. Fisicamente, emocionalmente, psicologicamente e todos os outros advérbios de modo que puder imaginar. Não consigo pensar em nada melhor pra escrever, aliás isso vem acontecendo a algum tempo.

Hoje achei uma coletânea do Mário Quintana perdida no meio da bagunça do meu quarto, já li e reli aquele livro um milhão de vezes, às vezes abro só pra ler um poema em especial, um que já conheço, que já sei de cor. Outras vezes abro uma página aleatóriamente e leio o que tiver nela. De qualquer forma me sinto bem depois. Também gosto de olhar a contra capa. Há nela uma foto em preto e branco e meia amarelada de um velhinho simpático com olhos serenos e cara de quem nunca se abala, parece um avozinho esperando a sua neta chegar da escola para lhe contar histórias inventadas. A menininha vai olhá-lo com um brilhinho nos olhos e perguntar: "é verdade vovô?" e ele dirá: "Sim, é verdade, eu vi, eu estava lá." O velhinho não estará mentindo, ele estava lá. Nos sonhos.


Olho o mapa da cidade
Como que examinasse
A anatomia de um corpo...

(É nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Desde já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

(O mapa - Mario Quintana)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

O último dos últimos

Hoje eu voltei pra escola, logo no primeiro dia já entrei na segunda aula, acho que meu cérebro vai demorar um pouco até se acostumar de novo a dormir tarde e acordar cedo. =/
O que me consola é saber que esse é o último semestre, o último dos últimos! Calma, o mundo não vai acabar, ainda não. Mas é que é o meu último semestre no Ensino Médio! (isso se eu passar né, XD) É estranho pensar que depis não vai mais haver escola, nada de professores, nada de lições e provas, tudo bem, ainda tem a faculdade, mas não é a mesma coisa, eu pelo menos não acredito que seja.
Ao mesmo tempo em que estou feliz por estar acabando, sinto um vazio. A escola de certo modo dá uma segurança, você já está acostumado com essa rotina escolar e é estranho pensar como vai ser sem ela, "bem vindo ao mundo dos adultos" disseram, embora eu ache que já tenha entrado no mundo dos adultos ao sair de casa e ter um filho.

Mas é melhor não ficar muito entusiasmada por estar acabando, pois como disse meu professor de língua portuguesa e literatura, esse último semestre vem em rítmo de RAMONES (quem já ouviu ramones entendeu a piada), tudo bem que eu adoro ramones, mas confesso que saber disso me deixou um pouco assustada. Bem, fazer o que, vamos com tudo e que venha o último semestre! Aliás, depois de Julho as coisas parecem passar tão rápido.

Ah! E só pra constar, eu mudei de novo o tema da minha monografia e agora é definitivo. Rodei, rodei e voltei para os contos de fada, mas especificamente chapeuzinho vermelho, ai você pensa: "nossa que tema mais bobo", aham, vai pensando que "Little red riding hood" é só aquela histórinha inocente para crianças. Quando acabar a monografia posto ela aqui, talvez não ela inteira, mas a pesquisa básica e as conclusões pelo menos.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Velha Infância

Ontem deixei meu filho por algumas horas na casa da minha avó, quando saí ele estava sentado assitindo desenhos da cultura e quando voltei mminha avó me contou tudo o que ele aprontou durante o dia. Ele, do alto dos seus 74 centímetros, perseguiu formigas no quintal, brincou com a mangueira de jardim e ficou maravilhado com aqueles azulejos com pedrinhas que parecem baratas. Isso me lembrou muito a minha infância, tempo em que eu passava muitas tardes na casa da minha avó fazendo exatamente isso, perseguindo formigas, criando armadilhas para elas, colocando-as em barquinhos de papel e vendo desenhos da cultura. E tudo era tão mágico! Eu fico realmente chateada quando vejo criancinhas de 9 anos fazendo orkuts e conversando com os amiguinhos pelo msn, tirando fotos vestidos como miniadultos e se preocupando em não sujar a roupa ou bagunçar o cabelo. Onde está a infância que eu conheci??? As crianças hoje em dia não assistem mais desenhos inocentes, não ouvem mais musicas feitas para crianças, nem usam roupas de crianças, até a turma da mônica teve que crescer pra agradar a todos!
Era tão mais divertido poder rolar no chão com o cachorro lambendo seu nariz e deixando a sua roupa imunda, ou ouvir aquele CD do Palavra Cantada (que por sinal ainda lembro a letra de muitas das músicas). A adolescência parece mesmo tão atraente assim? Parece divertido ter milhões de trabalhos, provas e ainda ter um monte de gente te cobrando e dizendo que você deveria decidir logo o seu futuro?
Acho muito engraçado quando vejo menininhas reclamando porque as mães as levam para todo lugar ao invés de as deixarem ir sozinhas de ônibus. Eu adoraria que a minha mãe me levasse e me buscasse na escola de carro, ou no shopping ou em qualquer lugar que for!! Quem gosta de pegar ônibus lotado ou esperar uma hora no ponto até o bendito passar?
Eu gostaria mesmo é que o meu filho tivesse a infância que eu tive, brincando e pulando como uma criança, se sujando e achando a maior graça nisso. E mesmo ficando malucas com aquelas roupas encardidas pra lavar, sei que é isso que todas as mães querem.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

E lá se vão as férias...

Essa é a minha última semana de férias e, como sempre, não fiz nada do que pretendia fazer. Aliás notei que sempre faço isso, sabe aquelas promessas de ano-novo? Pois é, nunca consegui cumprí-las. Faço uma lista de coisas que gostaria de fazer ou melhorar e quando me dou conta estou fazendo totalmente o contrário, mas eu sei que não sou a única a fazer isso.
Essas férias por exemplo, eu prometi a mim mesma que iria organizar o meu guarda-roupas, separar umas roupas do Pietro que não servem mais, acham que eu fiz isso? Mas tudo bem, o pior mesmo é que só essa semana eu me lembrei da bendita monografia que eu deveria ter feito e que não saiu nem do plano das idéias e por sinal eu nem tenho tanta certeza assim do tema, sabe, eu sempre tive um sério problema pra lidar com a liberdade de pensamento, não por não conseguir pensar em algo, pelo contrário! São tantas opções que me vêm à cabeça! No início eu havia escolhido um tema: "A origem dos contos de fadas". Me parecia interessante - os contos de fada tem origens bizarras - mas depois percebi que era um tema abrangente demais pra uma monografia, então mudei para: "Por que as pessoas se apaixonam" - mas sem o romantismo filosófico, apenas os fatos científicos de ferormônios e neurotransmissores - mas então me cansei desse tema. Então um belo dia durante uma das minhas divagações solitárias decidi fazer sobre o inferno, sim isso mesmo, o inferno. E antes que alguém ai chame um exorcista ou se agarre ao rosário eu explico. Alguém já parou pra pensar que o inferno é uma coisa muito abstrata? Cada religião tem uma idéia muito diferente de inferno, algumas nem tem um inferno própriamente dito, os gregos antigos, por exemplo, acreditavam que os mortos iam todos pro mesmo lugar, sendo bons ou maus todos iam para o hades. Então também pensei: "o céu também é uma coisa abstrata" e assim a minha monografia ainda não existente vai se modificando dentro da minha cabeça. Talvez seja por isso que eu não consiga nem começá-la. Mas tudo bem, quando eu terminá-la (depois de começá-la), posto aqui pra vocês verem (será um post grande...).

domingo, 18 de julho de 2010

Saudações!

Eu sempre gostei muito de escrever, muito mesmo, então decidi: "há! Vou fazer um blog!" - Embora sempre achasse que não teria muito tempo pra escrever nele.
Vou começar então falando um pouco sobre mim, mesmo não tendo muito a dizer, já que nunca tive uma vida tão interessante. Talvez a coisa mais interessante a dizer sobre mim é que fui mãe aos 16 anos, aí vocês pensam "nossa! Que horrível! Que mau exemplo ela é as garotinhas, aposto que ela é uma irresponsável e mimimi..." Podem pensar o que quiserem, mas antes de ser crucificada gostaria de dizer que, apesar da pouca idade, sempre fui uma ótima mãe, meu filho cresceu muito bem até agora, é saudável e muito feliz. Não, não fui abandonada pelo pai dele, que aliás, é hoje meu marido e também um excelente pai. Não devo e nem quero ser um exemplo a ser seguido, mas ser mãe é uma experiência realizadora e emocionate para mim. Não, a minha vida não acabou e eu não me resumo a uma dona de casa sem perspectivas, não parei os estudos nem deixei os amigos de lado, e isso é essencial, pois o que seria de nós sem o apoio dos amigos? Também não "largo" meu filho com a minha mãe o tempo todo ao ponto dele chamar a avó de "mamã", ela fica com ele quando é preciso e sou muito grata a ela por isso, pois os avós não tem nenhuma obrigação de criar os seus netos.
Fora isso sou uma garota normal de 17 anos, ás vezes mal-humorada, ás vezes meio áspera e talvez um pouco azeda, mas quem não fica assim de vez enquando?
Não olho para trás e fico sentindo saudades do passado e nem fico na ponta dos pés tentando espiar o futuro, vivo o presente e isso me basta. Ás vezes fico triste sem motivo, depois tenho longas crises de riso.
Gosto de boas músicas, bons livros e boas companhias. Não gosto de gente se lamentando e se fazendo de vítima, nem de gente preconceituosa e "donos da razão" (também não gosto de berinjela XD)
Eu sou só isso? Não, mas não tem a menor graça contar tudo sobre mim.

Ah... se quiserem saber, o nome do meu filho é Pietro. =D