quarta-feira, 4 de abril de 2012

E é assim que deve ser

Ela se levantou e respirou fundo, a cama vazia não tinha mais nada a dizer. As lembranças estavam por toda parte, mas elas já não causavam mais dor. A saudade? A saudade era uma coisa que ia e vinha como as ondas do mar. Saudade. Coisa engraçada de se explicar. Existe aquela saudade de algo que você quer muito de volta e aquela saudade de algo que você quer que fique no passado. Esta última que ela sentia.


Parecia que não ia acontecer com a gente, nosso amor era tão firme, forte e diferente


As feridas cicatrizam aos poucos, algumas demoram um pouco mais, algumas precisam até de pontos, outras fecharam sozinhas como um corte de papel. Pequenas coisas trazem boas lembranças. Ela se senta no sofá com uma xícara de café e pensa no que fazer com tantas fotos e cartas, presentes. E as lembranças? Essas vão continuar na memória.
A luz do sol entra por uma pequena fresta na cortina e se estende no tapete. Ele não gostava da cortina aberta. Ela não gostava da casa escura. Ela vai guardar aquele álbum bonito, deu tanto trabalho fazer aquela caixa.
Ela abre a cortina, ela não gosta da casa escura, muito menos fechada.


Lágrimas por ninguém, só porque, é triste o fim.

Ela só queria que as coisas ficassem bem no final de tudo, que todos possam ao menos trocar sorrisos quando as letrinhas subirem e as luzes se acenderem. E que todos saiam, sem aplaudir, mas sabendo que foi um bom final.


Não imagine que te quero mal, apenas não te quero mais

quinta-feira, 8 de março de 2012

Só Amélia que era mulher de verdade?

Até hoje já tive 18 dias internacionais da mulher, me lembro da maioria deles por que sempre foram dias que passavam lentamente por antecederem as minhas festinhas de aniversário. Era chegar dia 8 que eu via mulheres recebendo flores em todos os lugares, propagandas bonitinhas na televisão, cartões, telefonemas, chocolates e hoje eu penso “sério mesmo?” Temos 365 dias num ano (366 neste ano) e só em um deles as mulheres merecem ser lembradas e muitos não sabem nem por que.


Não se escolhe nascer mulher (não se escolhe nem nascer, mas deixa essa questão pra um outro dia), mas assim que se nasce e o médico grita “é menina!” já vão te enfiando o enxoval rosa goela a baixo. E ai vem as bonecas, porque menina brinca de boneca, menina que brinca de bola? Esquisita. E deixa aquele cabelão crescer, cortar? Jamais, se cortar não dá pra fazer xuquinha, vão chamar de Joãozinho. E a menina vai crescendo e já sendo moldada com toda a culpa e repressão que se pode jogar numa pessoa só. Senta direito. Perninhas fechadas. Não fale alto. Você é mocinha. Não brinca no chão. Menstruou? Xiii, toma esse absorvente e não conta pra ninguém quando estiver nesses dias. Não saia sozinha. Desça essa saia. Não dê confiança. Não ande com os meninos que vai ficar mal falada. Ele te chamou de quê? Mas com essa roupa o que você esperava? E por ai vai, desde os tempos de Adão e Eva, onde o Adão, coitado, não pode negar a maçã que a Eva ofereceu, aquela víbora, tentação, só podia ser mulher.


Cresci ouvindo que Amélia que era mulher de verdade. Amélia era mulher de verdade porque não tinha vaidade, por que ficava ao lado de seu homem. As outras que são diferentes não são mulheres de verdade, logo, não merecem respeito. Certo? Vamos aproveitar então o 8 de março e no meio das rosas e propagandas de cosméticos lembrar que mulher de verdade são todas as mulheres e que todas merecem o respeito. Seja a Amélia que era mulher de verdade, a Maria do Socorro que vai pro baile funk de shortinho, top e gorro ou Kátia Flávia, loiraça belzebu e provocante.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

L’esprit d’escalier*


Evitar discussões é uma arte. Ignorar alguém que está a fim de começar uma briga é quase como conseguir salvar um gatinho de uma casa em chamas. Você tem que manter o sangue frio, o foco. Não é qualquer um que consegue.
Mas sabe quando uma discussão te chama? Você evita ao máximo, ignora, finge que não é com você, mas mesmo assim continuam insistindo? E você tenta ser “superior” e não entrar na onda, mas quando pensa no assunto solta aquele “ahhh se eu tivesse falado isso”? Pois é, tem brigas que merecem ser compradas. Só pra se ter o prazer de soltar o seu argumento infalível, o seu Royal Flush.
Algumas pessoas te convidam pra brigar sabendo que vão perder, então porque não saciar os desejos masoquistas dessas pessoas? Algumas pessoas sabem que palavras ferem mais que gestos, e algumas pessoas sabem mexer onde dói.


*L’esprit d’escalier: Sabe quando você pensa em um argumento que te faria ganhar aquela discussão, o seu xeque mate, só quando você já está “descendo as escadas para ir embora” e ai você pensa “mas porque eu não falei isso?” Pois é, em francês isso tem um nome: "espírito da escada".

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Surpresa cor-de-rosa


2012 começou bem, começou leve. Diferente de 2011 que começou como um espartilho que aperta todas as suas costelas e tudo o que tem dentro de você. Aperta tanto, mas tanto, que uma hora acaba saindo pra fora. E saiu. E fez estrago. Alguns textos publicados aqui mostram isso. Mas passou, foi embora, está tudo bem. 2012 começou bem. E algo me diz que vai continuar bem.
Tem bebê novo chegando, um bebê que será muito bem vindo. Mesmo chegando em horas inesperadas, bebês trazem paz, trazem alegria, trazem aquela calma e aquele silêncio doce que só casa com bebê tem. Bebês dão trabalho e que trabalho, só quem já teve bebê sabe o trabalho que dá tentar fazer domir uma coisinha de 50 centímetros mas que o choro chega a mais de 90 decibéis, uma coisinha linda que chora sem saber nem o porquê, e nem você sabe o porquê, então choram os dois, e quantas vezes já não choraram os dois.
As vezes eu penso num bebê como um general, que manda em você, que faz você lutar, se esforçar, batalhar e quando precisa de dá uma surra, só pra você aprender a ser um bom pai, por que nós adultos nos achamos superiores e controladores da situação, mas na verdade, nós é quem aprendemos com esses pequenininhos de bochechas gordinhas.
Vai ser bem vindo, e desde já, muito amado.


Ah... e antes que comecem a me mandar fraldas e roupinhas na minha casa, o bebê não é meu. Pensando bem... podem mandar sim, eu sei pra quem dar...