sexta-feira, 20 de maio de 2011

Forca de Papel


Aquela página em branco a encarava severamente, como quem condena um réu à forca. Ela tinha que escrever, ela não podia, mas precisava escrever até a morte ou enlouqueceria.
A morte ou a loucura? As duas eram ao mesmo tempo tão cruéis e tão convidativas.
Ela escreveu. Se for pra morrer então que se morra escrevendo. Escreveu por dias e dias, até a hora do suspiro final. Caiu, o rosto pálido na folha que já não estava mais em branco e que agora olhava piedosa o réu pendurado, balançando pateticamente. Os pés longe do chão. O lápis cravado no ponto final.