quinta-feira, 8 de março de 2012

Só Amélia que era mulher de verdade?

Até hoje já tive 18 dias internacionais da mulher, me lembro da maioria deles por que sempre foram dias que passavam lentamente por antecederem as minhas festinhas de aniversário. Era chegar dia 8 que eu via mulheres recebendo flores em todos os lugares, propagandas bonitinhas na televisão, cartões, telefonemas, chocolates e hoje eu penso “sério mesmo?” Temos 365 dias num ano (366 neste ano) e só em um deles as mulheres merecem ser lembradas e muitos não sabem nem por que.


Não se escolhe nascer mulher (não se escolhe nem nascer, mas deixa essa questão pra um outro dia), mas assim que se nasce e o médico grita “é menina!” já vão te enfiando o enxoval rosa goela a baixo. E ai vem as bonecas, porque menina brinca de boneca, menina que brinca de bola? Esquisita. E deixa aquele cabelão crescer, cortar? Jamais, se cortar não dá pra fazer xuquinha, vão chamar de Joãozinho. E a menina vai crescendo e já sendo moldada com toda a culpa e repressão que se pode jogar numa pessoa só. Senta direito. Perninhas fechadas. Não fale alto. Você é mocinha. Não brinca no chão. Menstruou? Xiii, toma esse absorvente e não conta pra ninguém quando estiver nesses dias. Não saia sozinha. Desça essa saia. Não dê confiança. Não ande com os meninos que vai ficar mal falada. Ele te chamou de quê? Mas com essa roupa o que você esperava? E por ai vai, desde os tempos de Adão e Eva, onde o Adão, coitado, não pode negar a maçã que a Eva ofereceu, aquela víbora, tentação, só podia ser mulher.


Cresci ouvindo que Amélia que era mulher de verdade. Amélia era mulher de verdade porque não tinha vaidade, por que ficava ao lado de seu homem. As outras que são diferentes não são mulheres de verdade, logo, não merecem respeito. Certo? Vamos aproveitar então o 8 de março e no meio das rosas e propagandas de cosméticos lembrar que mulher de verdade são todas as mulheres e que todas merecem o respeito. Seja a Amélia que era mulher de verdade, a Maria do Socorro que vai pro baile funk de shortinho, top e gorro ou Kátia Flávia, loiraça belzebu e provocante.

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