terça-feira, 27 de setembro de 2011

Um dia eu ainda escrevo sobre coisas fofas


Ele acordava de manhã, não se levantava, ficava alguns minutos olhando pro teto. Pensava no que faria aquele dia, seria um dia como todos os outros. Ai sim se levantava, se arrastava até o banheiro, o banho era rápido e frio pra tirar da cabeça os sonhos da noite anterior, sonhos, só sonhos.
Ele descia pro café sozinho, ninguém pra dar bom dia. Ele tomava o café e saia. Mas quando saia já era outra pessoa, na rua fingia que tinha porte, fingia que era descolado, que sabia das coisas. Conversava com as pessoas sobre todos os assuntos e sempre dava um jeito de contar vantagem, de parecer mais interessante. Mas quem estava sempre por perto sabia o quão deprimente aquilo era. Sempre as mesmas histórias, sempre mentiras, comentários vazios e desnecessários. Fingindo ser legal, querendo se enturmar. Ele também sabia que era tudo mentira, mas ignorava os fatos, enganava-se a si mesmo. Quando chegava em casa a noite percebia tudo o que ele havia dito. Percebia que passou o dia inteiro fingindo. E chorava, com a cabeça no travesseiro. Imaginando como seria se as coisas fossem diferentes. Como ele poderia tornar as coisas diferentes. Ele tomou seus remédios pra dormir e fechou os olhos. Deprimente, era tudo o que lhe vinha na cabeça.
Pagou pra ver não viu, dormiu garoto acordou senil.

3 comentários:

  1. A imagem é alegre, o post é triste. Mas é bom ^^

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  2. A imagem não me parece alegre... mas valeu

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  3. A imagem me lembrou uma versão de Alice que vi tempos atras... mas ao invés de pilulas, eram chás...
    Gostei!

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